Depois de uma temporada de verão abreviada na Europa e na América do Norte devido ao aumento nas infecções por Covid-19, o tráfego aéreo global diminuiu -75% em agosto, após queda de -80% em julho (figura 1). Com a falta de testes convenientes e com quarentenas obrigatórias na chegada, a demanda global de passageiros aéreos levará mais tempo do que o esperado para se recuperar. Estimamos que a indústria só retornará aos níveis pré-crise em 2024.

Mesmo com os mercados domésticos na UE e na Ásia tendo uma ligeira recuperação, não prevemos que a demanda irá subir novamente, a menos que as viagens de negócios sejam retomadas com força até o final do ano. Em meio à baixa demanda, as companhias aéreas reduziram significativamente os voos. Esse fator já está impactando a indústria aeroespacial, que vê atrasos na entrega de novos aviões, além da queda e cancelamento de pedidos, dependendo do tipo de aeronave. Nesse contexto, é improvável que os fabricantes de aeronaves consigam entregar mais da metade da produção que planejavam antes do surto da Covid-19.

Figura 1: Demanda aérea (passageiros), mudanças em RPK (m/m)

Fontes: IATA, Allianz Research, Allianz Trade
O setor aeroespacial dos EUA pode ao menos contar com uma demanda constante do setor de defesa, que responde por cerca de um terço da receita da Boeing. Como os projetos militares continuam sendo cruciais para a defesa nacional, os EUA se concentraram no fortalecimento de sua base industrial de defesa, com orçamento anual de 720 bilhões dólares. Não esperamos que o resultado das eleições de novembro altere o tamanho dos orçamentos de defesa futuro, pelo menos até 2023, nem traga grandes interrupções na cadeia de suprimentos aeroespaciais. Quanto às empresas de aeronáutica nacionais russa e chinesa (Uac e Comac), o fato de que são estatais significa que podem suportar um período maior de perdas estruturais.