EUROPA: TAXA DE POUPANÇA ELEVADA

Estimamos que, na Europa, as taxas de poupança das famílias possam aumentar +20pp, em média, no segundo trimestre de 2020.

O isolamento devido à Covid-19 tornou o consumo em diversos setores literalmente impossível. O consumo privado deve cair bruscamente, em aproximadamente 35% durante o isolamento. Somado a isso, estimamos que 40% da população ativa estará em desemprego parcial e a renda total das famílias caia de 8% para 16%.

Figura 1 – Taxa de poupança por país, % da renda bruta disponível

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Fontes: Eurostat, Allianz Research

Em épocas de turbulência, as famílias ficam mais avessas a riscos e podem evitar o consumo ou o investimento. Essas economias de precaução afetam a atividade econômica, mantendo-a a abaixo do potencial. Economias excessivas costumam não ser aplicadas a capital de longo prazo, sendo em vez disso depositadas em bancos.

Os bancos devem estreitar as condições de crédito e ficar relutantes quanto a novos empréstimos em momentos de crise. Durante o processo de desconfinamento, estimamos que o consumo privado continuará 10% a 15% abaixo dos níveis pré-isolamento, uma vez que esperamos que, em média, um terço dos trabalhadores em desemprego parcial poderão perder seus empregos.

Enquanto não houver uma vacina eficaz contra a Covid-19, os países continuam vulneráveis a novos surtos da pandemia, o que levaria a repetidas fases de isolamento e reabertura. A reação óbvia das famílias será intensificar as reservas, especialmente em países com níveis elevados de endividamento e escalada de desemprego (países nórdicos, Países Baixos, Reino Unido e, em menor medida, França, Bélgica, Espanha e Portugal, ver Figura 2).

Figura 2 – Parcela das famílias por tipo de propriedade imobiliária, em %

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Fontes: OCDE, Allianz Research

Os governos devem se concentrar em medidas que destravem as poupanças. Confiança em primeiro lugar: Testes, máscaras, protocolos sanitários, tratamenteos e vacinas ajudarão a criar um ambiente favorável aos desembolsos:

  • Políticas fiscais: cortes nos impostos corporativos e trabalhistas, em vez de impostos sobre o consumo ou sobre transferências.
  • Educação financeira. É fundamental superar a resistência das famílias em investir seus excedentes econômicos, por exemplo, em aposentadoria. A chave para o sucesso são produtos apropriados – combinando segurança, flexibilidade e desempenho de longo prazo – acesso facilitado a gestão de patrimônio e apoio para pessoas de renda baixa e média.
  • Habilidade estrutural. Multiplicadores fiscais e a propensão para consumir dependem do tamanho relativo do mercado doméstico do país, flexibilidade salarial, tamanho dos estabilizadores automáticos e nível de endividamento.