Após um desempenho excepcionalmente forte desde o segundo semestre de 2020, o comércio global contraiu -1,1% t/t no terceiro trimestre deste ano. As quedas de produção estão por trás de 75% da redução atual, com o restante explicado por gargalos logísticos. Nesse contexto, uma recuperação suave no 4º trimestre ainda é provável (+0,8% t/t).

Esperamos que em 2021, o comércio global cresça +8,1%, em volume, e 18,8%, em valor, impulsionado pela escassez de insumos e um dólar forte que aumenta os efeitos de preço. Para 2022 e 2023, acreditamos que essa tendência se reverta e estimamos um crescimento na casa de +5,4% e +4,0%, respectivamente, em termos de volume, e +7,2% e 5,8%, em termos de valor.

 Figura 1: Crescimento do comércio global (%)

Fontes: Allianz Trade, Allianz Research

No entanto, esteja atento ao aumento dos desequilíbrios globais: os EUA registrarão déficits comerciais elevados (cerca de US$ 1,3 trilhão em 2022-2023), refletidos por um superávit comercial recorde na China (US$ 760 bilhões em média). Enquanto a Zona do Euro também verá um superávit acima da média de cerca de US$ 330 bilhões. Em termos de ganhos de exportação (ver Figura 02), a região Ásia-Pacífico deve continuar sendo a principal vencedora nos próximos anos, com ganhos somando mais de US$ 3 trilhões em 2021-2023 (após uma perda de US$ 420 bilhões em 2020). Mais da metade desses ganhos deve ser alcançada em 2021, seguido por ganhos no valor de US$ 630 bilhões em 2022 e US$ 710 bilhões em 2023. O desempenho dos exportadores europeus em 2021-2023 pode ser semelhante ao da Ásia-Pacífico, embora estes os ganhos seguem uma contração muito mais acentuada nas exportações em 2020. E, por fim, os ganhos de exportação da América do Norte devem chegar a cerca de US$ 800 bilhões em 2021-2023 (após uma perda de quase US $ 500 bilhões em 2020).

Figura 2: Volume de comércio por região, variação anual em bilhões de dólares

Fontes: Allianz Trade, Allianz Research

Em um nível setorial, os efeitos dos preços não estão desaparecendo em todos os lugares, apesar dos efeitos de base. Os “outperformers” de 2021 devem continuar a ver fortes exportações em 2022, em particular os setores de energia, eletrônicos e máquinas e equipamentos. Já em 2023, o principal vencedor das exportações deve ser o setor automotivo, graças à carteira de trabalho e menor investimento em 2021 (ver Figura 3).

Figura 3: Comércio por setor, variação anual em bilhões de doláres

Fontes: Allianz Trade, Allianz Research