Após vinte anos de negociações, o acordo comercial entre a UE e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) foi assinado em 28 de junho, apresentando um forte depoimento político em uma tensa reunião do G20 referente a questões comerciais.

O acordo ainda não foi ratificado pelo parlamento da UE e por vários parlamentos nacionais e regionais, o que pode levar mais de dois anos, uma vez que vemos obstáculos à frente, como a “vigilância” política do governo francês, polonês e irlandês; a oposição dos lobbies agrícolas europeus e partidos verdes; e o risco das eleições na Argentina.

Um ponto relevante é que, em termos da eliminação de tarifas para exportações da UE (91%), esse foi o maior acordo já celebrado. O acordo também elimina tarifas sobre 93% das exportações do Mercosul.

As estimativas preliminares de ganhos com exportação a partir do acordo apresentam 5 bilhões de euros no total para a UE anualmente: os setores de máquinas (1,7 bilhões de euros), produtos químicos (1,1 bilhões de euros, incluindo o setor farmacêutico) e veículos (821 milhões de euros) podem ser os principais beneficiados, porém o setor agroalimentar da UE pode enfrentar concorrência das importações de carne bovina, etanol, frango, café e açúcar, entre outros produtos. No curto prazo, o acordo pressionaria a indústria do Mercosul, o que potencialmente o ajudaria a se tornar mais competitivo no médio prazo.