Implicação n° 1: Um choque negativo no comércio e no crescimento. Isso nos leva a uma situação de Disputa Comercial (média de tarifas dos EUA acima de 6%) e custará -0,5pp do crescimento do PIB global e -2pp do crescimento do comércio global nos próximos dois anos. Se o governo dos EUA fosse mais longe e tributasse todas as importações chinesas restantes em 25% (vemos esse cenário como algo improvável, pois, nesse caso, muitos bens de consumo seriam afetados) e 200 bilhões de dólares em importações de carros também em 25%, isso nos levaria ao nosso contexto de Guerra Comercial. Este fato empurraria as tarifas médias dos EUA para perto de 12% e eliminaria -2pp do crescimento do PIB global, levando a economia mundial a uma recessão.

Implicação n° 2: Um choque negativo de incerteza. O ciclo de investimento será afetado em nível global. Com o mais recente movimento dos EUA, é difícil prever um apaziguamento rápido no curto prazo. A incerteza provavelmente continuará elevada e prejudicará os planos de investimento. Para cada quatro meses de incerteza comercial, estimamos que o custo seja de -0.1pp do crescimento econômico global. Reiteramos nosso alerta de uma possível recessão técnica nos EUA no primeiro semestre de 2020. Na Zona do Euro, o cenário de risco pode incluir o crescimento sendo reduzido em -0,15pp por ano a partir de nossa estimativa atual de +1,2% a/a em 2019 e +1,3% a/a em 2020.

Implicação n° 3: Chegou a hora de alterar a política monetária. O Fed e o BCE provavelmente adotarão uma postura conciliatória. Nós não vemos cortes na taxa de juros no extremo curto prazo, mas um corte na taxa de juros pelo Fed no primeiro trimestre de 2020 é possível. A China provavelmente adotará medidas de retaliação (novas ondas de tarifas, patriotismo econômico) e intensificará as medidas de flexibilização. Projetamos três cortes na taxa de compulsório de 100bp até o final deste ano, e dois cortes na taxa de juros principal de 25bp (pela primeira vez desde 2015).

Implicação n° 4: Mercado de ações - prepare-se para a volatilidade. É possível que haja outro sell-off de proporções semelhantes ao do quarto trimestre de 2018. É provável que a S&P 500 se corrija em mais de 20% e volte ao nível do final de 2018. Os ativos de refúgio serão beneficiados, uma vez que o rendimento soberano dos EUA em 10 anos é esperado em 2%, comparado a 2,44% hoje. Vemos a possibilidade de o RMB se consolidar a 7 RMB para cada USD até o final de 2019 (contra 6,7 no final do primeiro trimestre), à medida que as autoridades aceleram as medidas de flexibilização. Este tipo de movimento no CNY deverá impactar ainda mais os preços das ações globais, uma vez que poderia ser interpretado como uma reação desordenada às tarifas dos EUA. 

Implicação n° 5: O mercado de crédito verá uma ampliação dos spreads, pois estes estavam apertados antes desses eventos. Esperamos um aumento significativo dos spreads para 200 pb a partir de 155 pb, no segmento BBB corporativo dos EUA. Na China, os lucros industriais diminuíram -3,3% no primeiro trimestre de 2019. Observamos um aumento do risco de crédito na China devido às perspectivas de vendas fracas para os exportadores e um aumento na dívida, à medida que as autoridades aumentam as ações de acomodação (crédito bancário para o setor privado subindo +13% a/a no primeiro trimestre).