A crise da Covid-19 desencadeou um aumento sem precedentes da dívida pública no mundo inteiro. O montante já vinha aumentando no pré-crise devido à queda dos preços das commodities em 2015 e à fraca dinâmica de crescimento na maioria das Economias Avançadas (EAs, ver Figura 1). A relação dívida/PIB global aumentou de 60% em 2007, para 83% em 2019. No ano passado, com os gastos relacionados à pandemia e o esgotamento das receitas estrangeiras, a relação saltou para 96%. Comparando a dívida pública mediana entre as diferentes classes de países, descobrimos que os Mercados Emergentes (MEs) quase alcançaram a proporção de 67% das EAs em 2020. Quanto aos Países em Desenvolvimento (PEDs) - que estruturalmente têm maior intolerância à dívida - o rácio subiu para 46% (ver Figura 2).

Figura 1: Dívida do pública em trilhões de dólares

Fontes: previsões do FMI, Allianz Trade e Allianz Research
Figura 2: Proporção mediana da dívida pública em relação ao PIB (%)
Fontes: previsões do FMI, Allianz Trade e Allianz Research
Muitos MEs e PEDs podem ficar presos em um ciclo de baixo crescimento e alto endividamento após a Covid-19. Em razão do espaço fiscal limitado e de uma base de receita estruturalmente fraca, a maioria dos Países em Desenvolvimento não poderá conceder apoio fiscal para estimular o crescimento no pós-crise, sem comprometer a sustentabilidade da dívida no futuro. Entretanto, uma contração abrupta dos gastos do governo nesses países pode se tornar contraproducente, pois irá interromper a recuperação econômica, gerar instabilidade política e elevar ainda mais o prêmio de risco.